Quem nunca teve uma gastroenterite? Só de lembrar já causa um certo mal estar, não é mesmo?
E quando,
Acontece com um bebê tão pequenino…. ou
Pior ainda quando,
Está acontecendo com o nosso bebê….
“…Dra , o meu bebê, que tem apenas 3 meses, já evacuou 8 vezes hoje, as fezes estão líquidas, ele está todo assado, chorando, irritado, sem dormir, tendo febre e acabou de vomitar 3 vezes…. Já está com o olho fundo e sem fazer xixi….” cenário esse bem frequente nos consultórios de pediatria!
A gastroenterite é uma infecção intestinal que causa sintomas incômodos, desagradáveis, que debilitam, podem levar à desnutrição, desidratação e internação hospitalar. A maioria das crianças se infectam nos cinco primeiros anos de vida, porém os casos mais graves ocorrem principalmente em crianças até dois anos de idade. Em adultos é mais rara, quando ocorrem surtos em espaços fechados, como escolas, ambientes de trabalho e hospitais.
Pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a infecção pelo rotavírus é a causa mais comum de diarréia em crianças menores de cinco anos em todo o mundo, sendo responsável por aproximadamente 600 mil mortes por ano e 40% das hospitalizações por gastroenterites.
Quais são os sintomas mais frequentes?
Diarréia caracteristicamente aquosa, com aspecto gorduroso e caráter explosivo, durando de 4 a 8 dias, geralmente acompanhada de bastante vômitos e febre
Qual o intervalo entre a contaminação e início dos sintomas?
A doença apresenta curto período de incubação (tempo entre o contato com o vírus e início dos sintomas) com início abrupto, vômitos em mais de 50% dos casos, febre alta e diarréia importante, culminando em grande parte dos casos com desidratação.
Como é feito o diagnóstico?
Através da história e exame físico realizado pelo pediatra.
Para confirmação viral, existe exames de fezes que detectam o rotavírus.
Sinais de alerta que necessitam avaliação médica imediata:
- Queda do estado geral
- Febre por mais de 72hs
- Sangue nas fezes
- Diminuição do xixi
- Sonolência ou irritabilidade
- Recusa aceitação líquidos por boca
- Choro sem lágrimas
- Olhos fundos
A avaliação médica é muito importante. O pediatra que deverá orientar todo o tratamento da criança, inclusive formas de hidratação oral.
Como é a transmissão ?
A transmissão é através da eliminação viral nas fezes seguida de contato oral, seja por água ou alimentos, por contato pessoa a pessoa e objetos contaminados.
Formas de prevenção:
- Incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e complementado até 2 anos ou mais,
- Higiene das mãos, água, alimentos e utensílios que o bebê leva à boca
- VACINA
Sobre as vacinas :
A vacina é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e utilizada em 89 países de todos os continentes em seus calendários de vacinação.
Existem duas vacinas disponíveis:
- Monovalente (Rotarix®/GSK), administrada via oral, em duas doses (aos 2 e 4meses) adotada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
- Pentavalente (RotaTeq®/Merck), com esquema de três doses, disponível na rede privada. Inúmeros estudos de efetividade têm demonstrado um grande impacto na redução de hospitalizações e óbitos relacionados a este agente em diferentes cenários epidemiológicos
Quais as principais reações pós vacina?
Os eventos adversos mais comuns das vacinas rotavírus são: irritabilidade, febre, vômitos e diarréia.
A vacina pode causar alergia a proteína do leite de vaca ( APLV)?????
Até o momento NÃO existe NENHUM estudo científico que demonstre associação entre APLV em crianças vacinadas contra o rotavírus. A vacina pode, raramente (0,6%), causar sangue nas fezes pela hiperplasia nodular linfóide que na maioria dos casos é leve e não requer tratamento específico, mas necessita seguimento com o pediatra do bebê .
Resumindo: As Sociedades Brasileiras de Imunizações (SBIm), Pediatria (SBP) e Alergia e Imunologia (ASBAI) reafirmam a eficácia e a segurança das vacinas rotavírus e recomendam o uso rotineiro no calendário vacinal da criança, face a grande importância e impacto que a doença tem na saúde infantil. A vacina reduz o risco de internação hospitalar e óbito!
Por Dra Renata Scatena CRM 124384
Pediatra e responsável Técnica Casa Crescer