É comum nos preocuparmos com a nossa aparência física conforme o tempo passa. Os cabelos brancos começam a aparecer, as marcas de expressão, depois as rugas, as manchas na pele que começa a ficar cada vez mais fina e sensível. Mas e os efeitos dentro de nós? Aqueles que a gente não enxerga?
Nosso sistema imune também envelhece e poucos percebem.
Por causa da pandemia do Coronavírus hoje a grande maioria das pessoas já ouviu falar dos linfócitos, células específicas do nosso sistema imune. Os linfócitos são divididos em 3 grupos principais: o T, o B e o NK. Os linfócitos B são os grandes produtores dos nossos anticorpos enquanto as células T auxiliam os anticorpos e as células B a combaterem as infecções e, particularmente, as células T e NK são essenciais no combate às infecções virais.
Conforme envelhecemos a quantidade de todos esses linfócitos produzidos diminui e, assim como o nosso corpo fica mais lento, essas células também têm sua funcionalidade prejudicada com a idade, mas o que isso significa na prática?
Da mesma forma que uma máquina começa a ficar barulhenta e começa a dar defeitos, nossos linfócitos também, o que deixa o idoso mais suscetível a infecções, principalmente aquelas causadas por vírus.
Esses linfócitos também contribuem para o controle da inflamação do nosso corpo e sem eles funcionando 100%, as inflamações passam a ocorrer com maior frequência e intensidade. Isso significa que um resfriado simples, por exemplo, pode causar mais inflamação. Isso significa mais sintomas, mais febre, mais dor no corpo, mais indisposição, maior produção de secreção e, consequentemente, também maior risco de complicações como infecções secundárias (pneumonias, otites…).
Daí a grande importância da vacinação para os idosos.
Mas há o outro lado das vacinas que você já deve estar se perguntando…
Se o sistema imune já não é mais o mesmo, as vacinas continuam funcionando?
Os linfócitos estão diminuindo em quantidade conforme envelhecemos. Parte dos linfócitos que estão sendo perdidos, são de memória, ou seja, aqueles que haviam “aprendido” a reconhecer rapidamente diversos agentes causadores de doenças, seja através de vacinas desde que éramos crianças, ou pelo contato direto com eles ao longo da vida. Essa perda aumenta ainda mais a importância das vacinas nessa fase da idade.
Daí a pergunta seguinte é provavelmente:
Mas se a função das células imunes também está prejudicada, as vacinas ainda serão eficazes?
Hoje os estudos das vacinas, como todos acompanhamos no caso das diversas vacinas para o Sars-Cov-2, são divididos em faixas etárias para avaliar se há resposta adequada em todos os grupos etários. Portanto não só a eficácia, mas também a segurança das vacinas, pela maior propensão às inflamações nos indivíduos mais velhos, foi verificada antes de permitir a comercialização de todas essas vacinas indicadas aos idosos.
Quais são as vacinas indicadas para os idosos?
Por conta da perda de diversas células de memória é recomendado que, mesmo aqueles que receberam todas as vacinas quando mais jovens, recebam reforços contra Hepatite B (3 doses novamente), Pneumocócicas 13 e 23 valente (1 dose de cada com intervalo de 6 meses a 1 ano entre elas, depois somente reforço da 23 valente a cada 5 anos), Tríplice bacteriana (contra Difteria, Tétano e Coqueluche com reforços a cada 10 anos depois dos 60 anos de idade) e Influenza anualmente.
Por essa lista de vacinas percebe-se que o sistema respiratório é uma preocupação evidente no idoso. Sabe-se que com a idade nos tornamos mais sedentários e a grande consequência disso não é somente a perda muscular, mas também da capacidade cardiopulmonar. Quanto menor nosso condicionamento cardiopulmonar, mais vulnerável ficam os nossos pulmões às doenças respiratórias, por isso a grande importância da atividade física regular para os idosos.
E não é só o corpo que fica mais lento, nossas células imunes também ficam mais lentas e menos eficazes do que quando jovens. Por consequência, o idoso torna-se mais vulnerável também a agentes que chamamos de oportunistas. Aqueles que só conseguem causar doença quando estamos com nosso sistema de defesa enfraquecido, como ocorre pelo simples envelhecimento. Uma delas pode ser facilmente prevenida também através da vacinação: o Herpes zoster, aquela doença incômoda que popularmente é chamada de cobreiro e que, no idoso, pode vir a ser mais intensa e/ou grave acometendo outros órgãos além da pele. A vacina contra o Herpes zoster é indicada somente aos indivíduos acima dos 60 anos em dose única.
O que podemos fazer para retardar ou minimizar os impactos do envelhecimento do nosso sistema imune?
O envelhecimento leva a desregulação do nosso sistema imune aumentando a frequência de anticorpos contra nosso próprio organismo causando aumento tanto de doenças oncológicas (pois nossas células já não tem capacidade de eliminar essas células anômalas) como auto-imunes pela produção de anticorpos contra nossas próprias células.
Por outro lado, essa desregulação também aumenta a produção de substâncias pró inflamatórias que hoje, suspeita-se que tenham uma relação direta com o surgimento de diversas alterações comuns da terceira idade.
Esse perfil inflamatório exacerbado está diretamente relacionado à maior suscetibilidade a infecções (principalmente virais), a apresentação de sintomas mais frequentes e mais intensos, e a uma recuperação mais lenta de qualquer doença, mesmo aquelas mais leves.
Diversos estudos têm surgido nos últimos anos tentando desvendar o que faz com que alguns idosos vivam mais e melhor do que outros. Ainda não há respostas definitivas, mas todos eles parecem apontar na mesma direção: uma vida mais saudável.
Uma revisão da literatura mostrou que indivíduos com 65 anos ou mais que praticavam atividades físicas regulares apresentavam menores níveis de substâncias inflamatórias em sua corrente sanguínea e que essa atividade não precisa ser de grande intensidade. Concluem que 2 a 4h por semana de atividades como caminhadas são suficientes para causarem essa mudança de perfil imune. Espera-se que menores níveis inflamatórios signifiquem menor taxa de adoecimento e menor incidência de doenças crônicas.
Nesse mesmo estudo ele cita que o controle do peso (manter o IMC<30) associado a uma dieta menos inflamatória rica em micro e macronutrientes, pré-bióticos e rica em vegetais também contribuem para vida mais saudável e longeva.
A melhor forma de manter o sistema imune funcionando bem em todas as fases da vida é através do acompanhamento médico adequado. É assim, portanto, que cada pessoa descobre quais são suas necessidades específicas, e como o seu corpo está envelhecendo.
Por isso, saiba que, se precisar, a Casa Crescer está de portas abertas para você, disposta a te ajudar a viver uma vida bem vivida. Que tal agendar uma consulta conosco?