Ao se descobrir grávida, uma mulher sabe que seu corpo passará por inúmeras mudanças. Contudo, o âmbito psicológico também passa por drásticas transformações durante o período. Considerando a baixa frequência do debate sobre esse lado da maternidade, a saúde mental em gestantes acaba sendo deixada de lado.
O que muda no psicológico da mulher durante uma gravidez?
Internet afora, não é raro nos depararmos com a crença generalizada de que se tornar mãe é a maior realização na vida de uma mulher e que nada pode refutar essa afirmativa.
Contudo, somos todos seres complexos e diversos. Logo, ao mesmo tempo em que a gravidez pode ser, sim, a maior realização para uma mulher, também pode ser vista de formas diferentes por outras tantas. Muitas, por exemplo, pretendem conciliar a maternidade com a carreira. Outras podem estar em uma gestação que não foi planejada.
Seja qual for a situação, é fato que as mudanças hormonais e as vivências dessa nova experiência podem causar um turbilhão atípico de emoções, sejam elas boas ou ruins, na mulher.
Assim, sentimentos como felicidade e empolgação podem coexistir com seus opostos, como desânimo e medo. Afinal, uma gravidez é sinônimo de uma guinada definitiva no curso da vida, e a forma como uma mulher se sente sobre isso não precisa ser linear e sempre positiva, como frequentemente se espera quando há uma visão romantizada da situação.
Quando os sentimentos negativos são considerados como anormais?
Primeiramente, precisamos compreender que a gestação não é feita apenas de sentimentos positivos. Reconhecer a existência do “lado B” dessa fase, inclusive, é primordial para que se possa lidar melhor com ele e para que as mulheres não se sintam “anormais” ou solitárias por experimentarem sensações menos românticas, digamos assim.
Após esse entendimento, é fundamental ter a capacidade de perceber quando as alterações de humor atravessam a linha da normalidade e dão sinais de serem patológicas.
Quando essas alterações se agravam, ou são muito frequentes e duradouras, por exemplo, podem ser indicativos de que algo não vai bem com a saúde mental da gestante. Se a mulher já apresentava alguma patologia psicológica antes da gravidez, como a depressão, as chances do quadro se agravar com essa mudança são grandes.
O mesmo aplica-se para mulheres que tiveram seus bebês recentemente. Ou seja, ao longo da maternidade, episódios de cansaço, desânimo e tristeza são comuns. No entanto, se a frequência e a gravidade aumentam, podem ser indicativos de problemas mais sérios, como a depressão pós-parto.
Para prevenir esse agravamento, ou para lidar com uma alteração de humor que já está dando sinais de alerta, o ideal é que a mulher busque acompanhamento psicológico – desde a descoberta da gestação, ou, caso não tenha começado o atendimento anteriormente, após a aparição dos primeiros sintomas.
Quais as consequências disso para o bebê?
Quando uma mulher ignora os sinais de agravamento de sua situação emocional durante a gestação, sua saúde mental se deteriora. Ao mesmo tempo, a saúde do bebê, mesmo que no ventre, também pode ser afetada. Problemas na imunidade da criança, no aleitamento materno, no crescimento e até no ganho de peso do bebê são comuns nessa situação.
As patologias psicológicas podem, ainda, levar a mãe a ter atitudes nocivas, como a ingerir álcool, por exemplo, o que não somente trazem consequências para a sua própria saúde física e mental, mas também para o desenvolvimento do feto.
Como manter a saúde emocional durante a gestação?
O cultivo de alguns bons hábitos podem ajudar a mulher a ter uma gestação mais tranquila, física e emocionalmente:
- Fazer exercícios físicos, de acordo com orientações médicas;
- Ler sobre a maternidade;
- Conversar com mulheres que já passaram, ou estão passando pela mesma experiência;
- Expressar seus sentimentos com sinceridade para o profissional que estiver te acompanhando;
- Fortalecer vínculo com a sua rede de apoio (família e amigos);
- Reservar um tempo para atividades prazerosas, como ler, assistir filmes ou qualquer hábito que você já cultivasse antes da gestação;
- Conversar sobre o futuro com quem será o cuidador ou cuidadora da criança junto com você;
- Consumir alimentos saudáveis, também de acordo com orientações de um nutricionista.
- Não se preocupar excessivamente com questões materiais, como a compra do enxoval. Apesar de importante e de ser parte desse processo, o investimento em um acompanhamento de qualidade, com profissionais adequados, fará mais diferença no futuro.
Onde buscar apoio para manter a saúde emocional na gestação?
A gestação é, sem dúvidas, um divisor de águas na vida de uma mulher. Traz consigo, por consequência, mudanças enormes, física e emocionais, que se tornam muito mais fáceis de compreender e lidar quando se tem o acompanhamento dos profissionais certos. Ao descobrir-se grávida, considere o acompanhamento psicológico desde o começo. Assim, você não se sentirá desamparada ou confusa ao descobrir todas as surpresas e novidades que acompanham a gestação. Na dúvida, a Casa Crescer está de portas abertas para você. Por aqui, temos uma equipe completa, com pediatras, psicóloga, doula, consultora em amamentação e mais. Aqui na Casa, estamos todos juntos por uma vida bem vivida.