Dificuldades para alimentar o bebê

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Uma queixa comum entre as muitas mães é a dificuldade de alimentar o bebê. E por mais que a gente cuide da alimentação dos nossos filhos, “fique em cima”, faça “tudo certo”, sempre fica aquela ponta de dúvida: será que eles estão se alimentado bem? Será que estão recebendo todos os nutrientes necessários? Será que estou agindo corretamente na hora das refeições? (E detalhe, essas dúvidas surgem desde quando estamos grávidas! Afinal, quem nunca se pegou pensando: “Será que estou me alimentado bem e isso irá fazer bem para o bebê?”).

Sendo assim, como essa é uma dúvida bem recorrente, decidi chamar a nossa colunista de Pediatria, Dra. Renata Scatena, para compartilha dicas preciosas para quem enfrenta dificuldades para alimentar seu bebê. Confira, o material está muito bacana!

DIFICULDADES DE ALIMENTAR O BEBÊ

Gostaria de compartilhar com vocês o caso de uma família que chegou no meu consultório, dentro de um cenário bem angustiante, com a seguinte queixa:

“Dra. a minha bebê, que já tem 11 meses, não aceita nenhum tipo de alimento sólido! Nós estamos desesperados! Temos muito medo dela ficar sem comer! Fazemos de tudo para que ela se alimente, nem com a Galinha Pintadinha ela come (…) Hoje corremos pela casa inteira atrás dela, munidos de uma colher cheia de arroz (…) ela chorava de um lado e nós, de outro, com a colher vazia e os grãos de arroz espalhados pela casa.”

Alguém já viu essa cena? Ela é mais frequente do que parece!

SÃO QUEIXAS FREQUENTES NO CONSULTÓRIO

As dificuldades alimentares são queixas frequentes no consultório de pediatria. E quanto mais tardio diagnóstico e consequente intervenção, mais difícil é o processo terapêutico. A consulta do pediatra é bem minuciosa e extensa nesses casos porque sabemos que existem inúmeros fatores que interferem na aceitação dos diversos alimentos pelos bebês.

A estrutura corporal materna, o hábito alimentar e também o ganho de peso durante a gestação têm impactos diretos e indiretos para o crescimento e desenvolvimento infantil. Não é, sobretudo, apenas a genética que “dita” as características de cada indivíduo. O “meio” tem um papel tão importante quanto o material genético herdado dos pais. Resumindo, ambiente intrauterino, amamentação, possíveis problemas de saúde nos primeiros meses de vida, hábitos familiares, a forma que é realizada a introdução alimentar, além de outros fatores, irão impactar de forma positiva ou negativa no hábito alimentar do bebê.

Sendo assim, os cuidados  com alimentação saudável, diversificada, variada e equilibrada da gestante terão impactos diretos e indiretos nos hábitos alimentares do bebê. Os “flavours” da dieta materna passam para o líquido amniótico que será deglutido pelo bebê, estes flavours irão criar imprints – registros – nas papilas gustativas do bebê que irão impactar na aceitação dos alimentos e no processo de introdução alimentar.

O mesmo ocorre na amamentação através do leite da mãe. O aleitamento materno é recomendado de forma exclusiva até 6 meses e complementado até 2 anos ou mais. É comprovado, cientificamente, que o leite materno é o melhor alimento para o crescimento e desenvolvimento saudável do ser humano nos primeiros 6 meses de vida. A prática do aleitamento desenvolve de forma eficaz a percepção das sensações de fome e saciedade, o que implica em menor chance de transtorno alimentar futuro, além de inúmeros outros benefícios.

A INTRODUÇÃO ALIMENTAR

A introdução alimentar é um momento muito importante e deve ser acompanhada pelo pediatra da criança e por nutricionistas infantis, que devem estar atualizados e embasados cientificamente para melhor orientar os pais e cuidadores, objetivando assim, o estabelecimento de um hábito alimentar saudável para toda a vida! Para a vida toda???? SIM!

Nos primeiros 2 anos de vida de um bebê ocorre a formação do paladar, portanto, é uma fase de extrema importância e impacto futuro. A recomendação atual é que a introdução alimentar ocorra a partir dos 6 meses e com alimentos amassados com o garfo. NUNCA liquidificados. Quanto mais se posterga a introdução dos sólidos, mais difícil será a aceitação! Mesmo sem dentes, o bebê nesta idade já tem a gengiva endurecida. Isso permite tranquilamente a mastigação, um processo que requer treinamento diário, frequente e recorrente. Portanto, alimentos liquidificados, com uma única cor, textura e sabor, não contribuem com o desenvolvimento de um paladar receptivo para os diversos alimentos.

Aproveitando o “gancho” do desenvolvimento natural da criança é um momento que ela necessita e tem curiosidade de colocar TODO e qualquer objeto na boca. Portanto, a experiência sensorial, quando bem estabelecida, garante uma relação saudável da criança com o alimento. Por isso, é muito importante que a criança manipule os alimentos através do tato, sinta o cheiro através do olfato, observe através da visão e sinta as diferentes texturas, sabores e temperaturas pelo paladar. É um momento de explosão sensorial, além de também ter repercussão positiva no desenvolvimento motor e cognitivo do bebê.

DICAS IMPORTANTES

A refeição precisa ser realizada, na medida do possível, e sempre que possível, em família, ao redor da mesa. As crianças aprendem através de exemplos. E, para que o bebê consiga ter uma boa percepção e se relacione e sinta as sensações provenientes do ato de se alimentar é necessário que esteja concentrada no que está fazendo. Por este motivo: o uso dos eletrônicos é uma prática que não se recomenda.

Essas são dicas muito importantes para o desenvolvimento de um hábito saudável. Mas a criança deve comer por prazer e não por obrigação. Castigos e punições são práticas que criam associações negativas com os alimentos/refeições. Alimentos como recompensa também podem afetar negativamente essa relação.

MAS VOLTANDO A NOSSA HISTÓRIA INICIAL…

…quer saber como resolvemos a questão da minha “pacientinha”?

1. Fizemos uma consulta bem detalhada.

2. Excluímos patologias que pudessem causar dificuldade de aceitação alimentar (deverá sempre ser conduzida pelo médico que acompanha o bebê ou especialista).

3. Iniciamos atividades sensoriais de forma lenta e gradual para que ela se acostumasse com as diferentes formas, texturas e sabores. Visto que ela não aceitava tocar em nada que fizesse “meleca”.

4. A família precisou passar por um processo de acolhimento que os tranquilizou e tornou o momento da refeição mais harmonioso e menos tenso. Entender o quanto a criança precisa comer e que ela sabe o quanto ela precisa foi muito importante neste processo.

LEIA TAMBÉM: O QUE NÃO DIZER E FAZER DURANTE AS REFEIÇÕES

5. Intensificamos as refeições em família sem eletrônicos, fizemos uma reeducação alimentar familiar para que a família também aumentasse o repertório de alimentos saudáveis na dieta cotidiana.

6. Estabelecemos uma ROTINA que envolvia horários para o sono e sonecas, brincadeiras e alimentação. Se um desses pilares não estiver bem estabelecido, afetará todos os outros.

7. Iniciamos a prática de não substituir refeições. Prática muito comum em famílias com essa queixa. Ou seja, se a criança não aceitou o alimento do horário, seguiremos a rotina alimentar sem alimentos até o próximo horário estabelecido (apenas água no intervalo). O que acontece frequentemente é que quando a criança não aceita a refeição, ela recebe outro alimento que “goste” mais para não ficar sem se alimentar.

8. Praticamos a persistência e a recorrência da rotina.

9. Progredimos os alimentos e consistência de forma gradual

10. Atingimos a nossa meta! Criança e familiares com excelente hábito alimentar.

Foi fácil???? Não!!!!!!!! Mas foi possível! É possível! E caso o seu filho tenha qualquer dificuldade de se alimentar procure ajuda de um profissional da área da saúde o quanto antes!

Até a próxima!

Por Dra Renata Scatena CRM 124384

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