Atacar a geladeira, comer tudo que vê pela frente sem conseguir parar? Ansiedade só? Ou será que é uma compulsão alimentar?
Você já teve vontade de comer de repente? Não era qualquer alimento, mas sim doces e salgados, tudo misturado ? Não conseguia parar? Só conseguiu parar assim que a comida acabou ou quando estava passando mal? Então, se a resposta foi sim, você já teve um episódio de compulsão alimentar.
O ambiente e estilo de vida atual pode gerar a compulsão alimentar. Entretanto, a boa notícia: através do entendimento do ciclo da compulsão é possível resolver o problema. Em outras palavras, controlar o ambiente ajuda a evitar e controlar a compulsão.
Primeiramente, vamos definir o que é a Compulsão alimentar:
É quando você não está com “fome” e come em grande quantidade. Em um intervalo curto de tempo. Também, acompanha a sensação de não conseguir parar de comer. Ou seja, existe o desejo de comer sem precisar do alimento. Dessa forma, quem observa uma crise, percebe que a pessoa se isola e come mais rápido do que comeria normalmente. Mas, apesar de sentir culpa, angústia ou vergonha não consegue se controlar.
Por que a compulsão acontece?
Nosso cérebro tem uma parte chamada pela medicina e neurociência de primitiva. Ou seja, controla as emoções mais instintivas . É onde fica o centro do prazer. Assim, esse centro se encarrega de suprir as nossas necessidades básicas.
Desse modo, o centro é ativado por tudo que nos proporciona prazer de forma rápida e com pouco esforço. E assim, é estimulado pelos nossos sentidos: olfato, tato, visão, paladar e audição. Portanto, comer é um dos estímulos que geram sensação de prazer e felicidade.
E por que não conseguem parar?
Porque ocorre uma falha em uma outra área do cérebro que é a responsável pelo autocontrole. Para que o centro do autocontrole funcione bem , o cérebro vai precisar de muita energia. Com a finalidade de poupar energia para a sobrevivência o cérebro “desliga”. Desse modo, a falha no sistema de controle com o centro do prazer ativado leva à compulsão.
Para exemplificar, as situações que podem desencadear essa falha são:
– Desidratação
– Jejum
– Privação de sono, como resultado de um sono sem qualidade
– Desequilíbrios mentais. Por exemplo: estresse, esforço e atenção em excesso. Ainda que aconteçam em situações de sobrecarga de trabalho e burnout.
– Desequilíbrios emocionais. Tais como: ansiedade, tristeza e depressão.
QUEM TEM
É mais comum entre adultos de 30 – 50 anos. Atinge em média 5% da população . Sendo 60% mulheres e 40% homens.
Em algumas clínicas de emagrecimento 30% das pessoas obesas sofrem de compulsão.
Muitos fatores podem dar origem ao transtorno . Entretanto, acontece com maior frequência naquelas pessoas com a crença da boa forma física, peso adequado e controle emocional.
Por exemplo, a tentativa de controle intenso da forma através de dietas restritivas, deixa o cérebro com menor percepção do reconhecimento da fome física.
Desse modo, a privação alimentar ativa o sistema de autocontrole e por excesso de “trabalho” entra em exaustão e “desliga”. Logo, frente ao gatilho, o ciclo de compulsão é reiniciado.
Resumindo, conhecer esse circuito é importante para controlar e resolver a questão.
Graus da compulsão
Leve: 1 a 3 episódios por semana
Moderado: 4 a 7 vezes por semana
Severo: 8 a 13 episódios por semana
As consequências da compulsão
O consumo excessivo dos alimentos mais saborosos com alto teor de gordura, sal e carboidrato é fator de risco para doenças como: obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.
Como saber se estou com fome física ou fome cerebral?
Fome física
A fome começa de forma lenta e gradual. Primeiro se manifesta com sensação de vazio no estômago. Com ela, vem a necessidade de comer, dentro de um intervalo aproximado de 3 a 4 horas após a última refeição. Sendo assim, é possível esperar a próxima refeição. Logo que come, sente-se satisfeita, com a sensação do estômago preenchido.
Fome cerebral
A fome começa de repente, mesmo logo após uma refeição. Geralmente vem acompanhada de imagens mentais de alimentos específicos e de salivação, entre outras sensações que se manifestam do pescoço para cima. Também é acompanhadas de uma sensação de urgência. Entretanto, na fome cerebral, há preferência por alimentos mais saborosos como doces, salgados e carboidratos. E para finalizar, vem acompanhada de sentimentos de culpa, vergonha e tristeza.
Dicas para quem tem compulsão alimentar
Fugir das dietas restritivas,
Procurar ajuda o mais rápido possível,
Identificar questões relacionadas à autoimagem e autocontrole,
Identificar as situações que provocam os gatilhos.
O que fazer na hora que dá vontade de comer?
No momento da urgência em comer, também conhecida como fissura, a orientação é:
a) Comer uma fruta bem devagar e analisar para definir se a fome é física ou cerebral.
b) Se for fome cerebral: tentar redirecionar para outra atividade como caminhada, relaxamento, técnicas de respiração , meditação ou oração.
c) Não conseguiu redirecionar? A dica é comer lentamente, mordidas pequenas, prestando atenção na texturas, sabores, sensações que o alimento promove no corpo e movimentação da língua.
O QUE NÃO É COMPULSÃO ALIMENTAR
Importante perceber que quem sofre de compulsão alimentar não necessariamente come excessivamente nas refeições normais, no dia a dia. Também é diferente daquela pessoa que exagera em uma ou outra festinha da família.
TRATAMENTO
A origem da compulsão alimentar vem de muitos fatores. Por esse motivo, o indicado é o acompanhamento de uma equipe formada por diferentes profissionais, entre eles: médico psiquiatra, endocrinologista, psicólogo, nutricionista. Logo depois do diagnóstico, a equipe irá trabalhar dentro de um plano de tratamento.
Por fim, as metas do tratamento são estabelecer uma rotina e hábitos equilibrados no padrão alimentar.
Neste vídeo sobre saúde e qualidade de vida, dica de um livro que pode ajudar.
APOIO É FUNDAMENTAL
O apoio de pessoas da família e amigos é muito importante para detecção precoce, além do suporte para as mudanças necessárias.
Para finalizar, se você acha que tem transtorno alimentar compulsivo, procure ajuda. E mesmo que conheça alguém que tenha, procure orientações antes de conversar com ele.
E mais:
O que acontece quando você come com pressa?